Estado Islâmico teria liberado novo vídeo que mostra decapitação de 30 pessoas na Líbia


Imagem extraída de suposto vídeo liberado pelo Estado Islâmico mostra militantes decapitando cristãos da Igreja Etíope - HO / AFP
CAIRO — O Estado Islâmico (EI) divulgou neste domingo um vídeo que, segundo o 

grupo extremista, mostra o assassinato brutal de cerca de 30 homens na Líbia. As vítimas seriam etíopes cristãos. Com 29 minutos de duração, a gravação mostra cerca de metade do grupo sendo decapitada, enquanto os demais são executados com tiros na cabeça, disparados por executores encapuzados.
A autenticidade do vídeo — divulgado na internet — ainda não foi confirmada, embora as mortes tenham sido similares a outros episódios de violência protagonizados pelo EI, que expandiu o alcance de seus redutos no Iraque e na Síria para a Líbia. Este seria o segundo massacre de cristãos na Líbia: em fevereiro, um outro vídeo mostrou a decapitação de 21 coptas egípcios sequestrados na cidade de Sirta, controlada pelo grupo.
Com isso, milhares de pessoas têm sido forçadas a abandonar seus lares para fugir da expansão dos radicais na região.

Vídeo de 29 minutos supostamente mostra dois grupos de 15 cristãos etíopes sendo executados - UGC / AP
Na gravação, que traz o logotipo oficial do EI, os militantes acusam os cristãos de estarem numa cruzada para matar muçulmanos e fazem ameaças, dizendo que eles devem se converter ao Islã ou pagar a “taxa de proteção” requerida para manterem sua fé. O clérigo Abu Malik Anas An-Nashwan afirma que a perseguição aos cristãos é justificada se eles se recusarem a qualquer das duas opções. No vídeo, um militante falando inglês com sotaque americano diz, ainda, que o EI trava uma batalha entre “a fé e a blasfêmia” e “a verdade e a falsidade”.
— À nação da cruz: estamos de volta. O sangue que foi derramado nas mãos da sua religião não sairá barato. Juramos a Alá. vocês não terão segurança nem nos seus sonhos até aceitarem o Islã.
Nos últimos cinco minutos, o filme mostra cortes entre um deserto de Fezzan, no Sul, e uma praia em Barqa, no Leste, e num momento mostra ambos os cenários na mesma tela. Militantes mascarados coordenam uma fileira de vítimas vestidas de preto no deserto, onde elas levam tiros na cabeça; na praia, as vítimas estão todas com uniformes laranja e são decapitadas com facas longas.
País rico em petróleo e com uma vasta costa virada para a Europa, a Líbia atrai imigrantes ilegais do resto do continente em busca de trabalho ou de um ponto de travessia para a Itália pelo Mediterrâneo.
O governo etíope está reunindo informações sobre as mortes e se pronunciará quando tiver mais detalhes. Enquanto isto, o ministro das Comunicações do país, Redwan Hussein, protestou contra o massacre:
— Nós condenamos veementemente tais atrocidades, sejam eles etíopes ou não — disse.
Segundo Hussein, a Etiópia, que não tem uma embaixada na Líbia, ajudará a repatriar os cidadãos que quiserem deixar o país. Mas ele afirmou que, por conta da ausência da embaixada, a investigação pode ser mais complicada.
A expansão do EI na Líbia nos últimos meses tem sido facilitada pelo estado de caos em que o país mergulhou com a luta entre duas facções adversárias — na pior crise desde a queda do regime de Muamar Kadafi, em outubro de 2011. Com dois governos — um controlando a capital, Trípoli, e o outro, único reconhecido internacionalmente, instalado nas cidades de Tobruk e Bayda — e contínuos combates no Leste, há temores de que o país caia em outra guerra civil. Ambas as facções têm se mostrado mais preocupadas em lutar entre si do que unir-se para impedir a expansão do EI. Com isso, o grupo consolida seu domínio sobre certas áreas e já começa a exibir maior poder de atuação.

Um grupo de prisioneiros parece ser executado no deserto da Líbia por militantes do Estado Islâmico. Imagens contêm logomarca utilizada pela mídia do EI - HO / AFP
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